Tobias do Rego Monteiro nasceu em Natal no dia 29 de julho
de 1866, filho de Jesuíno Rodolfo do Rego Monteiro e de Maria Inácia do Rego
Monteiro. Transferiu-se em 1886 para o Rio de Janeiro, a capital do Império,
para cursar a Faculdade de Medicina com o auxílio de uma pensão que lhe foi
atribuída pela Assembleia Provincial do Rio Grande do Norte. A pensão fora
votada por iniciativa de seu protetor, José Bernardo de Medeiros, chefe
político da região do Seridó e um dos líderes do Partido Liberal. Indicado pelo
conselheiro Manuel Pinto de Sousa Dantas, ligou-se profissional e politicamente
a Rui Barbosa, interrompendo o curso de medicina no quarto ano para
secretariá-lo e trabalhar como jornalista. Após a proclamação da República
(15/11/1889), quando Rui Barbosa se tornou ministro da Fazenda do governo
provisório, tornou-se seu oficial de gabinete e, por indicação do jurista,
trabalhou também no Diário Oficial. Em 1892, quando Pedro Velho de Albuquerque
Maranhão assumiu o governo do Rio Grande do Norte, sua vaga de deputado federal
foi reivindicada por José Bernardo para Janúncio da Nóbrega Filho. Contudo,
Pedro Velho indicou seu irmão, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, que
venceu a eleição, mas não foi homologado pelo Congresso Nacional. Marcadas
novas eleições para 1893, Tobias Monteiro foi então convocado para enfrentar
Augusto Severo em nome da oposição unida, mas foi derrotado. Nesse ano, quando
os inimigos de Pedro Velho cogitaram derrubá-lo à força, Tobias Monteiro foi
contra a ideia
Quando da Revolta da Armada (1893-1894), era secretário do
Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. Na ocasião, acompanhou Rui Barbosa,
redator-chefe desse periódico, ao exílio em Buenos Aires. Na volta, sabendo de
uma ordem de prisão contra Rui Barbosa, avisou-o e escondeu-se em um navio que
o deixou na Bahia, onde foi preso dois meses depois. Em 1894 voltou a se
candidatar a deputado federal pelo Rio Grande do Norte contra a chapa
“pedrovelhista” e foi novamente derrotado. Em 1897 apoiou a fundação do Partido
Republicano Constitucional no Rio Grande do Norte, sendo eleito delegado da
agremiação na capital federal.
Redator político do Jornal do Comércio entre 1894 e 1902,
tornou-se um dos mais influentes e prestigiosos jornalistas do país. Redator da
coluna “Várias”, que desde o Segundo Reinado tinha o poder de derrubar
ministérios, apoiou os governos dos presidentes Prudente de Morais (1894-1898)
e Campos Sales (1898-1902). Em 1898 foi enviado como correspondente para
acompanhar a viagem que Campos Sales fez à Europa em busca de um acordo com os
bancos credores do Brasil antes de sua posse na presidência. Deixando o Jornal
do Comércio em 1902, aceitou o cargo de secretário geral do Centro Industrial
do Brasil. Tornou-se depois diretor de um estabelecimento bancário e consultor
de investimentos
Seu retorno à vida política ocorreu anos depois, no começo
da década de 1920. Em 1921, foi eleito senador pelo Rio Grande do Norte na
legenda do Partido Republicano, vindo a ocupar a vaga aberta pela indicação do
senador Joaquim Ferreira Chaves Filho para o Ministério da Marinha e depois
para o Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores. Essa composição teria
sido expressamente articulada pelo próprio presidente da República, Epitácio
Pessoa.
Em 1923, acontecimentos ligados à sucessão no governo do Rio
Grande do Norte levaram Tobias Monteiro a renunciar ao mandato. Naquele ano,
Ferreira Chaves havia obtido a indicação do Partido Republicano para concorrer
pela terceira vez à chefia do Executivo estadual. Entretanto, a chamada “facção
do Seridó” – reorganizada pelos deputados Juvenal Lamartine de Faria e José
Augusto Bezerra de Medeiros, neto de José Bernardo, e apoiada pelo presidente
Artur Bernardes – conseguiu demover Ferreira Chaves de suas pretensões e
indicar José Augusto para governador. Por conseguinte, Ferreira Chaves voltou
para o Senado, ocupando a vaga de Tobias Monteiro.
Como escritor, Tobias Monteiro recebeu o Prêmio Machado de
Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Além dos
jornais já citados, colaborou em A República, Gazeta da Tarde, Correio
Paulista, O País e Diário de Notícias. Foi ainda sócio honorário do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Faleceu em Petrópolis (RJ) no
dia 4 de agosto de 1952.
Publicou O Sr. Campos Sales na Europa, notas de um
jornalista (1900); Cartas sem título (1902); Do Rio ao Paraná (1903); Pesquisa
e depoimentos para a história (1913); Funcionários e doutores (1917); As
origens da guerra e o dever do Brasil (1918); História do Império: a elaboração
da Independência (1927); História do Império: o Primeiro Reinado (1939). Sobre
sua vida e obra foram publicados Tobias Monteiro, jornalista e historiador
(1942) e Tobias Monteiro (1966?)
RENATO AMADO PEIXOTO
FONTES: CARDOSO, R. Memórias; CASCUDO, L.
História; MEDEIROS, J. Rio Grande do Norte; SOUZA, E. Tobias; SOUZA, I.
República; SPINELLI, J. Da oligarquia